Por Andrea Pegoraro, enfermeira
A enfermagem, assim como todas outras profissões, precisou se reinventar diante de tantas situações frente à pandemia do novo Coronavírus, que nos trouxe muitas reflexões e necessidade de buscar caminhos alternativos para trabalhar e levar as pessoas ao equilíbrio e a força para continuarem.
Acolhimento é a palavra que define uma das funções da enfermagem, no entanto para criar vínculo com o paciente, é necessário empatia, colocando-se no lugar do outro, tentando se aproximar do sofrimento e angústia das pessoas.
A escuta ativa do paciente é o que nos permite o que de fato podemos proporcionar com medidas simples e recursos rotineiros, tendo com retorno o bem-estar do paciente/casal.
A reprodução humana nos leva a acreditar que o “TOQUE” é a maneira mais digna e eficaz para proporcionar tranquilidade e acolhimento às pessoas que estão em tratamento e que muitas vezes estão vulneráveis diante de tantas incertezas e angústias.
Estudos recentes mostram que depois que a pandemia iniciou, as pessoas estão muito mais estressadas e angustiadas em busca de seus sonhos, muitas vezes incertas nas decisões.
Sabemos que ter um filho é algo tão nobre e ao mesmo tempo tão desafiador diante de tantas idas e vindas à clínica de reprodução humana assistida, com necessidade de exames, ultrassons, tratamentos. Por isso, se não houver profissionais que tenham uma visão holística do paciente/casal e que ajude a conduzir o tratamento, transmitindo a segurança e a tranquilidade, principalmente quando estes vivenciam o insucesso, resultando em grande desgaste emocional pelas frustações e tristeza.
O índice de pessoas que desistem do tratamento vai aumentando a cada etapa que não conseguem concluir, sabemos pelo impacto emocional poderá acarretar em futuras frustações de não ter seguido em frente.
Cabe às equipes multidisciplinares buscarem estratégias simples e eficazes na nossa vivência, como proporcionar um ambiente tranquilo e acolhedor para reduzir a ansiedade. No entanto, é fundamental que a equipe esteja equilibrada emocionalmente e não hesite em buscar ajuda psicológica quando necessária. Vale ressaltar que é normal que se tenha medos e anseios principalmente de contaminar e colocar em risco nossos entes queridos, que muitas vezes não tiveram o privilégio de se imunizar até o momento.
Hoje, sem poder tocar e abraçar as pessoas, com o intuito de minimizar a ansiedade, medo, angustias, está difícil encontrar palavras de esperança, otimismo e tantas outras coisas que impactam positivamente em uma boa experiência dentro de uma clínica de reprodução assistida.
O cuidado é transformador, faz parte da experiência humana. A humanização é construída por atitudes comportamentais, técnicas e ações baseadas no sistema de valores na relação interpessoal ao exercer o cuidar.
É relevante desenvolvermos as habilidades de respeito e educação, assistência segura e atenção humanizada. As equipes precisam ser empática, afetiva, solidária, comunicativa, cordial, social e racional.
Sabemos que a pandemia trouxe a incerteza de fazer ou não o tratamento reprodutivo por diversas questões.
No nosso cotidiano, cada dia é um desafio, mas isso só nos possibilita, diante de tanta fragilidade, buscarmos uma maneira de transmitirmos segurança para as pessoas na realização de um sonho que muitas vezes não dá mais para aguardar, seja pela idade biológica da mulher ou por algum problema de saúde.