Em 2017, profissionais de enfermagem conquistaram a oportunidade de participar da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH). Fundada em fundada em 26 de dezembro de 1947, com sede na cidade de São Paulo, a SBRH é uma instituição de caráter científico, de âmbito nacional e sem fins econômicos. Tem como objetivo a educação médica continuada, promover e estabelecer o contato entre os médicos das especialidades afins e eventualmente ser uma referência para a sociedade em geral.
A SBRH é uma entidade médica de representatividade entre os profissionais médicos e paramédicos que militam na área da medicina reprodutiva (reprodução humana, reprodução assistida, endocrinologia da reprodução, planejamento familiar, sexualidade conjugal, endoscopia reprodutiva, entre outros). Destinada somente aos médicos, este ano, além de profissionais de enfermagem, também foi dada a oportunidade de participar da Sociedade embriologistas, biólogos, biomédicos e psicólogos.
Com isso, o primeiro Comitê Nacional de Enfermagem da SBRH foi formado em 2017, com o objetivo de oferecer aos profissionais de enfermagem materiais para reflexão, conhecimento além de discussões pertinentes à atuação em Reprodução Humana e Saúde da Mulher. No comitê, a enfermagem terá entre suas funções elaborar editorial dos assuntos de enfermagem do boletim informativo da Sociedade, oferecer suporte para a educação continuada da SBRH e proporcionar uma interação científica e produtiva entre os associados da área de enfermagem, utilizando ferramentas de redes sociais, e oferecer dados atualizados para assuntos da área de psicologia.
Além dessas atribuições, caberá ao Comitê Nacional de Enfermagem organizar o espaço para enfermagem no congresso da SBRH – quer será realizado de 14 a 16 de novembro de 2018, em Belo Horizonte –, criar e administrar uma plataforma atual, dinâmica e interativa na área restrita para enfermagem no site da SBRH, oferecer consultoria de forma geral, com dados relacionados a aplicação de legislações e protocolos nos serviços especializados em Reprodução Humana, a avaliação e a aprovação de trabalhos enviados pelo associados, para apresentação no próximo congresso, em caráter oral e pôster na sessão de enfermagem e a divulgação de eventos relacionados a área da enfermagem com atuação em Saúde da Mulher e Reprodução Humana.
Enfermagem na reprodução humana
De acordo com a coordenadora da SBRH, enfermeira Juliana Assi, o papel do enfermeiro na reprodução humana é prestar assistência ao indivíduo sadio ou doente, família ou comunidade, no desempenho de atividades para promover, manter ou recuperar a saúde. “A atuação do enfermeiro é de vital importância na reprodução humana, pois atua interagindo com as demais equipes inseridas no sistema de cuidados em saúde nas suas relações, interações e associações para o processo de cuidar”, conta.
Juliana Assi conta que, hoje, a infertilidade é uma condição que afeta, aproximadamente, um entre cinco casais em idade reprodutiva ou, ainda, cerca de 10% dos casais. “Durante os últimos 30 anos, houve uma explosão de conhecimentos sobre a reprodução humana acompanhada de avanços nos tratamentos médicos. Ainda assim, com métodos diagnósticos e centros especializados, cerca de 50% a 60% dos casais conseguem engravidar. Isso significa um grande desafio para a enfermeira que cuida de casais inférteis.”
O crescimento da área de reprodução humana nos últimos tempos vem ganhando destaque crescente com profissionais médicos, psicólogos, farmacêuticos e embriologistas, como observa Juliana Assi. “A enfermagem também faz parte desse cenário. Nota-se cada vez mais a importância da enfermagem dentro dos centros. A equipe possui papel fundamental para a garantia do atendimento humanizado além de ser a principal articuladora de informações e conduções com a equipe multidisciplinar. Possui participação efetiva, desde o auxílio em consultas, até a recuperação pós procedimentos e orientações ao longo de todo o tratamento do paciente”, pontua.
Juliana Assi observa que, antigamente, o papel da enfermagem era limitado à assistência direta ao paciente mediante comandos médicos. “Hoje a enfermagem possui maior autonomia para atuar e colocar em prática seus conhecimentos técnico-científicos além de ser responsável por garantir que a qualidade perante o paciente e os órgãos de fiscalizações esteja efetiva.”
Outro foco de atuação bastante ativo pelas enfermeiras dos centros de reprodução humana é a ciência, no que diz respeito ao desenvolvimento e participações em eventos dessa natureza, de acordo com Juliana Assi. “Com certeza, ainda é uma área desconhecida por muitos enfermeiros, mas que aos poucos está ganhando visibilidade e espaço para desenvolvimento de trabalhos brilhantes e descobrimento de grandes talentos.”
Com relação ao desenvolvimento do trabalho, a enfermagem atua em conjunto com embriologista, médicos e psicólogos a fim de prestar assistência integral ao paciente. “Além disso, faz acompanhamento do casal do início ao fim do processo (orientações, suporte emocional, aplicação de medicações), auxilia o médico durante o procedimento no Centro cirúrgico, assiste ao paciente na recuperação pós sedação, monitorando SSVV”, enumera Juliana Assi.
Ela conta, ainda, que a enfermagem atua no gerenciamento de pessoal, dos indicadores de eventos adversos e de qualidade, na organização e planejamento da assistência. “Bem como na prevenção das Infecção relacionada a assistência à saúde (Iras) por meio do controle e monitorização da qualidade de esterilização e o cumprimento das boas práticas pela equipe, na prevenção das Iras por meio do controle e monitorização da qualidade de esterilização e o cumprimento das boas práticas pela equipe”, completa.