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Dezembro Vermelho | Casais com HIV podem ter filhos livres do vírus: entenda como a técnica funciona

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Pessoas soropositivas possuem opções seguras para realizar o sonho de ter filhos

Dra. Paula Andrea Navarro, presidente da SBRH

Desde a sua descoberta, o vírus da imunodeficiência humana (HIV) já passou por muitos momentos: se antes era visto como uma doença que resultava em óbitos, hoje, o maior desafio dos soropositivos, no país, é o preconceito e a desinformação. Inclusive, essa tem sido apontada como uma das maiores dificuldades da campanha do Dezembro Vermelho, mês de conscientização para o tratamento de HIV e de outras infecções sexualmente transmissíveis.

Os casais que vivem com HIV/Aids, sejam parceiros soroconcordantes ou sorodiscordantes, não precisam abandonar o sonho de ter filhos. Entretanto, as tentativas de concepção sem orientação ou planejamento expõem os parceiros soronegativos a maior risco de contaminação pelo HIV, além de aumentar a taxa de transmissão do vírus para o bebê. Assim, o planejamento da reprodução e, em alguns casos, as técnicas de reprodução humana assistida (RHA), são fundamentais neste processo. 

Embora a orientação sobre uso do preservativo seja um cuidado fundamental para a saúde do casal e a estratégia mais eficaz para prevenção das DST, a abordagem ativa dos profissionais à respeito do desejo reprodutivo e as orientações para redução de riscos no planejamento da reprodução devem ser incorporadas às práticas assistenciais de rotina dos profissionais de saúde, já que nem sempre o usuário explicita seu desejo reprodutivo, devido ao medo de discriminação ou reprovação. 

O aconselhamento reprodutivo deve garantir que a pessoa ou casal que deseja ter um filho receba as informações em uma linguagem clara e acessível sobre todos os procedimentos e riscos associados à concepção. É necessário promover um espaço de diálogo sobre as motivações do projeto parental, as expectativas da pessoa ou casal (reais ou idealizadas), as tentativas de concepção realizadas e o investimento emocional e financeiro no processo. 

Vários aspectos devem ser avaliados no atendimento da pessoa ou casal que deseja a concepção: idade materna (risco de má formação congênita e diminuição da fertilidade a partir dos 35 anos de idade); história prévia de doenças sexualmente transmissíveis (DST) e infecções pélvicas que podem estar relacionadas à infertilidade; etapas do planejamento reprodutivo e orientações específicas para cada cenário; importância do acompanhamento da mulher no pré-natal, parto e puerpério; discussão de outras possibilidades, como a adoção ou a decisão de não ter filhos; presença de hábitos nocivos à fertilidade como tabagismo, uso de álcool e drogas ilícitas e extremos de peso (obesidade e baixo peso). 

É muito importante ter consciência de que pessoas infectadas pelo HIV em uso regular de terapia antirretroviral adequada (TARV) e com carga viral (CV) sanguínea indetectável, tem um risco muitíssimo pequeno de transmitir o HIV para seu/sua parceiro(a). Nesta situação, liberar o casal para ter relação sexual desprotegida no dia mais fértil do ciclo é uma estratégia adequada para prevenir a transmissão do vírus para o parceiro não infectado, não sendo necessário recorrer as técnicas de reprodução assistida.

Nos casos de infertilidade, ou quando as condições acima não estão presentes (uso regular de TARV e CV sanguínea indetectável), o uso das técnicas de reprodução assistida são eficazes para prevenir a transmissão horizontal (quando os parceiros são soro discordantes) e vertical (quando o parceiro masculino é o único infectado), pois é possível usar métodos de processamento seminal que evitam a transmissão do vírus para a parceira e o bebê (nos casos de uso de inseminação intrauterina) e para o embrião (quando se usa a fertilização in vitro).

A taxa de transmissão vertical do HIV, nos casos em que a mulher é infectada, situa-se entre 25% e 30% na ausência de qualquer intervenção, reduzindo para menos de 2% com a implementação de algumas  medidas profiláticas durante a gestação, parto e puerpério.

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