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Comitê: Climatério

PROPEDÊUTICA BÁSICA NO CLIMATÉRIO

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Sorpreso ICE, Baccaro LFC, Albergaria B, Bruno RV, Costa LOBF, Orcesi-Pedro A, Postigo Sóstenes, Rodrigues MAH, Wender MCO, Mendes MC – Comitê do Climatério da SBRH

O climatério é um termo utilizado para definir um complexo período fisiológico da mulher no qual ocorre a transição do período reprodutivo para o não reprodutivo, classicamente dos 40-65 anos. A menopausa natural é o evento que ocorre no fim da transição para menopausa, chamado de marco zero da pós-menopausa. A ocorrência da idade da menopausa varia entre 40 e 56 anos e esta diferença é dependente da etnia, fatores sociodemográficos, estilo de vida, antecedentes pessoais e ginecológicos, com média de idade de 48 – 50 anos.  

A síndrome do climatério tem diagnóstico clínico e a avaliação do perfil hormonal tem seu espaço nos casos de desejo reprodutivo na transição para menopausa, sangramento uterino anormal de causa não estrutural na transição menopausal, diagnóstico diferencial com outras patologias endócrinas, nos casos de hipotireoidismo e falhas de tratamento clínico com terapia hormonal ou sintomas não característicos. Recomenda-se, quando necessário, a realização de duas dosagens de FSH, do 3º-5º dia do ciclo menstrual, com intervalo de quatro a seis semanas entre elas. Para mulheres com idade inferior a 45 anos que apresentem queixas de sangramento uterino anormal (SUA), com padrão irregular e ciclos menstruais pouco frequentes, mesmo que o quadro clínico seja compatível com hipoestrogenismo, recomenda-se que seja realizada propedêutica complementar para exclusão de outras causas. 

 

Assim, durante o climatério, é essencial que a mulher seja avaliada de forma individualizada para que suas necessidades de prevenção de doenças e promoção de saúde sejam supridas. A seguir, é apresentado um quadro sobre o rastreamento dos cânceres ginecológicos, colorretal, fatores de risco para doença cardiovascular e  osteoporose. 

 

Detecção precoce do câncer de mama Mamografia  Iniciar o rastreio aos 40 anos. A mamografia é o exame recomendado, com periodicidade anual (se estiver normal). O rastreamento do câncer de mama pode ser interrompido quando a expectativa de vida for menor que sete anos ou quando não houver condições clínicas para o diagnóstico ou tratamento de uma mulher com exame alterado
Câncer de colo do útero  Citologia oncótica do colo do útero  O Ministério da Saúde orienta coleta iniciada aos 25 anos de idade para mulheres que já iniciaram atividade sexual, com intervalo anual entre os dois primeiros exames. Se os dois primeiros resultados forem normais, a coleta passa a ser realizada com intervalo trienal. Caso a paciente possua dois exames negativos consecutivos nos últimos cinco anos, o rastreamento citológico pode ser interrompido após os 64 anos de idade se a mulher nunca tiver apresentado histórico de lesão precursora pré-invasiva, inclusive se houver troca de parceiro sexual. 

Para mulheres nessa faixa etária que nunca realizaram rastreamento, são recomendados dois exames citopatológicos com intervalo de um a três anos entre eles antes de se interromper o rastreamento. Mulheres sem antecedentes de lesões precursoras do câncer de colo uterino não necessitam continuar o rastreamento após a realização de histerectomia total por doença benigna. 

É de extrema importância ressaltar o fato de que a avaliação clínica ginecológica por meio do exame ginecológico deve ser mantida periodicamente, independentemente da realização do exame de citologia do colo do útero.

Pesquisa de HPV-DNA O uso de testes de detecção de papilomavírus humano (HPV) associados à citologia é recomendado para mulheres a partir dos 30 anos. Por ser mais sensível e ter alto valor preditivo negativo, a estratégia de rastreamento incluindo o teste de HPV permite aumentar o intervalo entre as coletas de três para cinco anos quando ambos os resultados são negativos. 
Câncer de endométrio  Não existem evidências científicas que justifiquem o rastreamento do câncer de endométrio em mulheres que apresentam risco habitual para essas neoplasias até o presente momento. *
Câncer de ovário Não existem evidências científicas que justifiquem o rastreamento do câncer de ovário em mulheres que apresentam risco habitual para essas neoplasias até o presente momento. *
Câncer de Colorretal  O Ministério da Saúde considera que pessoas com risco habitual de câncer colorretal devem realizar rastreamento a partir dos 50 anos de idade, por meio de pesquisa de sangue oculto nas fezes, anualmente, ou colonoscopia, sem periodicidade estabelecida. 

Sociedade Norte-americana de Menopausa (NAMS) considera que, a partir dos 50 anos, a colonoscopia a cada 10 anos (se o resultado do exame for considerado normal) é um esquema adequado de rastreamento para pacientes no climatério com risco habitual para câncer de cólon. Ressalta-se que casos suspeitos de doença colorretal devem ser encaminhados para avaliação pelo médico especialista.

American Cancer Society Mulheres a partir dos 45 anos até os 75 anos se expectativa de vida maior que 10 anos. Para mulheres entre os 76 e os 85 anos, individualização baseada nas preferências do paciente, expectativa de vida e histórico de rastreamento anterior Testes estruturais: – Colonoscopia a cada 10 anos – Retossigmoidoscopia flexível a cada 5 anos – TC colonoscopia virtual a cada 5 anos Testes não estruturais: – Sangue oculto nas fezes anual – Teste fecal imunoquímico anual – DNA fecal a cada 3 anos.

Doença Cardiovascular  Rastrear fatores de risco como diabetes mellitus, hipertensão arterial, dislipidemia, tabagismo e obesidade é fundamental para a estratificação do risco e elaboração de planos terapêuticos. A Diretriz Brasileira para Prevenção Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda o uso do Escore Global de Risco. A idade para interromper o rastreamento não é bem definida.

Obesidade e Cálculo do IMC devem ser realizados durante visitas aos serviços de saúde. Se IMC alterado, planejar intervenção comportamental individual ou em grupo com aconselhamento sobre dieta e exercício físico. Circunferência da cintura ≥ 89 cm é considerada elevada e indicativa de maior risco cardiovascular. Diabetes mellitus: Se não tiver fatores de risco, rastrear a partir dos 45 anos, sem periodicidade definida (possivelmente a cada 3-5 anos). 

Aferição de pressão arterial: Obter medidas fora do ambiente hospitalar ou clínico para confirmar o diagnóstico >2 aferições em duas ou mais visitas ao longo de um período de uma ou mais semanas. 

Saúde Óssea  Recomenda-se que a DMO seja realizada para todas as mulheres acima dos 65 anos de idade e com idade inferior a 65 anos que apresentem algum fator de risco para baixa massa óssea ou quando indicada pelo FRAX.

O FRAX-Brasil é um algoritmo informatizado que calcula a probabilidade de ocorrência de fratura osteoporótica maior e de colo femoral em 10 anos. O FRAX-Brasil/ NOGG está disponível para uso no seguinte endereço eletrônico:

 https://abrasso.org.br/calculadora/calculadora/.

São considerados dois limites de intervenção com base na probabilidade de fratura específica da idade equivalente a mulheres com uma fratura por fragilidade prévia. Mulheres classificadas de Médio e Alto risco para fratura devem ser submetidas à avaliação de DMO pelo exame DXA.

* A ultrassonografia pélvica transvaginal é o exame complementar inicial de escolha para avaliar doenças uterinas e ovarianas, não havendo indicação de realizar se não houver sintomas. 

**TSH deve ser realizado de rotina em mulheres > 60 anos e antes se apresentar queixas de disfunção tireoidiana. 

 

REFERÊNCIAS: 

 

  1. Sorpreso IC, Soares Júnior JM, Fonseca AM, Baracat EC. Female aging. Rev Assoc Med Bras (1992). 2015;61(6):553-6. doi: 10.1590/1806-9282.61.06.553. 

 

  1. CNE Climatério FEBRASGO. Baccaro LFC, Paiva LHSC, Nasser EJ, Valadares ALR, Silva CR, Nahas EAP, Junior JK, Rodrigues MAH, Albernaz MAA, Wender MCO, Mendes MC, Dardes RCM, Strufaldi R, Bocardo RC, Pompei LM. Propedêutica mínima no climatério.

https://www.febrasgo.org.br/pt/febrasgo-position-statement/catergory/ propedeutica-minima-no-climaterio

 

  1. Menopause: The Journal of The North American Menopause Society Vol. 29, No. 7, pp. 767-794 DOI: 10.1097/GME.0000000000002028 © 2022 by The North American Menopause Society 

 

  1. The 2023 Nonhormone Therapy Position Statement of The North American Menopause Society” Advisory Panel. The 2023 nonhormone therapy position statement of The North American Menopause Society. Menopause. 2023 Jun 1;30(6):573-590. doi: 10.1097/GME.0000000000002200. PMID: 37252752.

 
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